sábado, 20 de março de 2010

EU, a Leitura e essa estória.



A leitura & eu

Não gostaria de começar um texto parecendo autoconfiante demais, por que não sou, nem queria começar com um “não” logo na primeira frase. Mas descobri que existem coisas que já nascem prontas e eu estaria indo contra a corrente se tentasse inverter tais situações. Neste caso, não me vale mudar este parágrafo.
Minha história junto à leitura é simples, antes de mais nada. Reviravoltas, encontros extraordinários e inesquecíveis, não vou dizer que tive, acho que o tempo foi curto demais até aqui, mas penso que se, comparado a outras muitas pessoas, esse tempo foi certamente muito mais produtivo, no meu caso. Me relaciono com as folhas de papel, desde cedo. Ainda é cedo para mim, que durmo tarde, sou jovem, e aturo pouco. O que quero dizer é que, na minha visão, ainda estamos tento o primeiro contato, a leitura e eu.
Em pequena me diziam observadora, e acredito que minha leitura, silenciosa e caprichosa engatilhou ali. Uma formação para as análises seguintes. Eu lia com todos os meus sentidos, queria explorar, por que o mundo era um livro, imenso. Eu queria desbravar, eu não precisava de perguntas, eu já possuía todas as respostas, mas... cresci.
Crescer foi um fato determinante na minha vida. Começaram as intervenções, as mais cruéis possíveis. Havia um sim e um não a toda hora. Um certo e um errado e eu nem entendia porque. Tiveram que me ensinar a perguntar, tiveram que me ensinar a aprender, a desbravar. Tudo aquilo que eu sabia aos poucos foi sumindo, sumindo... Até o momento em que eu desapareci. E me fizeram ler, e me fizeram de ingênua, para depois me ensinar que a ingenuidade não era para mim, nem para ninguém. Me construíam e desconstruíam a todo momento. E eu que era plena, precisei me buscar, restabelecer minha confiança num eu que já não sabia onde estava guardado.
Me fizeram ter medo.
E eu tive medo de ir para a escola, e de ficar sozinha. Por que aqueles eram todos desconhecidos, quando eu estava mais indefesa me empurraram para o abismo do planeta quadrado. A aventura do oceano de noventa graus. O descobrimento daquilo que um dia eu já havia provado, mas esqueci. Tive que me acostumar. Redescobri com regras, horários. Mas eu tocava, olhava, cheirava... Eu lia. Cada um daqueles novos integrantes passageiros da minha vida eram tão densos e tão cheios de manhas. Não por que fossem crianças como eu, mas por que eram novos contatos, com outros costumes. Eram por assim dizer, livros. Me contando e me fazendo experimentar histórias que eu não pude viver, sentimentos que eu ainda não havia sentido. Tudo dentro de um limite, é claro. Mas talvez o limite fosse uma daquelas coisas imutáveis, ou não. Como eu disse, já não sei.
O que eu me lembro, e me lembro bem, é que com números nunca fui bem sucedida. E nem com a lógica espaço-vital. Sempre enfeitei muito/as (as) coisas. Fui observadora dada à imaginação. Uma mistura criativa, me disseram também. E como eu era menina muito assustada - e ainda hoje sou-, aquilo que me dava medo era aquilo onde as coisas não andavam muito bem. Desisti do que não me subordinava. Fui às letras por que elas me obedeciam. E tenho coragem de dizer, pois era isso que eu pensava. Num mundo onde tudo era imposto, eu ainda queria liberdade. Não queria mais ouvir, mas sim escutar. E como numa onda, numa enxurrada, tudo veio ao meu encontro. Parecia que eu tinha alguma destreza, um domínio. Era isso o que me diziam, (e eu aprendi também a levar MUITO em conta o que me diziam). Juntei o útil ao agradável. Conheci os livros que me permitiam contestar e fazer calá-los a hora em que eu bem entendia. Eu tinha a escolha de me envolver com os quais tivessem as mesmas idéias que eu, ou as contrárias. Podia escolher, qualquer um, e mesmo sozinha eu parecia acompanhada, de companhias quase sempre muito bem quistas, por que eu era quem as chamava para o meu cantinho. Secreto, no íntimo, revelei aquilo que não poderia dizer a mais ninguém antes que fosse julgada, mas muitos livros me apoiaram nos pensamentos que pareciam ser únicos e absurdos. Aos poucos resgato minha confiança.
Todos gostam daquilo que faz sentir bem. Eu ouvi muita gente, eu li bastante. E aquilo que interpretei sincero e de encaixe nas minhas querências, adotei. E enquanto isto funcionar para que sobreviva a minha felicidade, a leitura e eu estaremos unidas.

sábado, 13 de março de 2010

O Repetido Contraditório



Meu coração diz assim: “Persista, tente, não deixe isso tão forte e intenso que você está sentindo passar ”.
Minha mente diz: “Desista, evite ao máximo, fuja desse sentimento e desse desejo que só vai te fazer sofrer, e como você vai sofrer! Novamente vai chorar fortes lágrimas, e quem não garante que dessa vez não serão lágrimas de sangue?”
Ó maldito coração que me deixa sofrer! Membro que pulsa sangue para o resto do meu corpo e que me faz viver, mas que algumas vezes tenho impressão que me faz morrer...Morrer de sofrimento e desilusões!
Ó maldita mente que não quer me deixar ser um eterno apaixonado! Membro que me faz pensar e raciocinar, mas não quer me deixar pensar que tudo pode ser possível!
Quem devo seguir? Talvez seja mais correto encontrar o equilíbrio, mas em todos meus anos de vida nunca o encontrei! As vezes me pergunto se tal equilíbrio existe realmente ou está apenas em nossos desejos ou na boca daqueles que ainda não conheceram a plenitude de um sentimento intenso.
Saudade do nordeste! Saudade da Mônica e de sua turma! Mas da minha intensidade não terei saudade, pois ela continua presente!