sábado, 9 de outubro de 2010

O Circo

Clique para ouvir "O Circo" interpretado por Nara Leão 

Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro e qualidade
 
Corre, corre, minha gente que é preciso ser esperto 
Quem quiser que vá na frente, vê melhor quem vê de perto
Mas no meio da folia, noite alta, céu aberto
Sopra o vento que protesta, cai no teto, rompe a lona
Pra que a lua de carona também possa ver a festa
Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro e qualidade


Bem me lembro o trapezista que mortal era seu salto
Balançando lá no alto parecia de brinquedo
Mas fazia tanto medo que o Zezinho do Trombone
De renome consagrado esquecia o próprio nome
E abraçava o microfone pra tocar o seu dobrado 

Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro e qualidade

Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo
Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo
Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo
Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria
Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria
Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro e qualidade

De chicote e cara feia domador fica mais forte
Meia volta, volta e meia, meia vida, meia morte
Terminando seu batente de repente a fera some
Domador que era valente noutras feras se consome
Seu amor indiferente, sua vida e sua fome
Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro e qualidade

Fala o fole da sanfona, fala a flauta pequenina
Que o melhor vai vir agora que desponta a bailarina
Que o seu corpo é de senhora, que seu rosto é de menina
Quem chorava já não chora, quem cantava desafina
Porque a dança só termina quando a noite for embora
Vai, vai, vai terminar a brincadeira
Que a charanga tocou a noite inteira
Morre o circo, renasce na lembrança
Foi-se embora e eu ainda era criança


Composição: Sidney Miller
Intérprete: Nara Leão

domingo, 5 de setembro de 2010


Um céu, estrelas e um restaurante. Pequenos círculos em forma de mesinhas decoravam a parte externa do ambiente. Em cada círculo um belo tom de dourado que contrastava com um verde brilhante. R já repetiu milhões de vezes para G que parecia uma decoração natalina das mais baixas categorias (mesmo não sendo dezembro). Mesmo assim, essa excêntrica junção de cores era tão delicada quanto as cadeirinhas de madeira espalhadas entre os círculos. Tão delicadinhas! dizia R. Pareciam deleitar vagarosamente uma tarde de domingo.

Mas era noite! E como J já cantarolava por aí, era uma bela noite!

M, como de costume, já estava lá. Brincava com a vela como se em toda sua curta vida estivesse em completa ou parcial escuridão. E sim, havia uma vela. Uma pequena vela vermelha, roliça. Em forma de gota, dentro de um pequeno pote de vidro, mais baixo do que o que carrega.

M já estava cansada, mas não tinha sono. Por lá passavam vários colegas de vivência, porém a falta de energia momentânea fazia com que M não cumprimentasse nenhum deles. Isso era muito estranho, pensava muitas vezes. Sempre gostou de socialização, mas gostar dos semelhantes já era mais difícil. Mas isso é gozado, pensou consigo. Não gosta de animais. E não gosta do cheiro de hortelã. Mas... o quê?

Em muitos momentos, se pegava pensando aleatoriedades. Aleatoriedades inúteis, na maioria dos casos. Porém para M, pensar (algo que muitos a acusavam de não ser capaz) era algo que sabia fazer de melhor. Pensar e criticar. Tudo, tudo que passava próximo àquela grande e tão pequena criatura, estava à risco de ser analisado milimetricamente.

M não se sentia bem. Aquelas luzes, que tanto a fascinava, estavam-na deixando nauseada. Ainda mais, quando um forte clarão verde aproximou-se dela. Era V. Nunca pensou que poderia sentir aquilo dentro de si. Nunca imaginara que teria realmente algo dentro de si para contorcer-se de forma tão abrupta.

Tudo então tornou-se verde. Completamente verde. E o fogo daquela gota vermelha que tanto a fascinava acabou tornando-se fútil e incomum diante de toda aquela claridade que a completava. Tentou falar algo, mas só o que conseguiu expressar foram zumbidos.

V pareceu sorrir-lhe, mas isso era incerto. De perto parecia ser tão comum quanto os outros que passavam por ali, cantarolando canções em idiomas irreconhecíveis com seus olhos grandes e brilhantes. Então, o clarão verde seguiu rumo às outras luzes da mesma cor, localizadas em um grupo distante do restaurante.

M continuou ali, brincando com com sua vela-gota e pensando em quanto é absurda e o quanto odeia e ao mesmo tempo admira os objetos ao seu redor. Ficou ali alguns instantes, até que R, com um pano que mais parecia um chicote, convidou-a a se retirar. Saiu trôpega e surreal, procurando por alguma lâmpada que lhe aqueça os membros.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Meu Desejo!



Mãos que se tocam, lábios que se encontram, línguas que se cruzam, olhos estão fechados... Verdes e castanhos! Se olham todos os dias, mas não vêem a mesma coisa! Vê aquilo que não via mais, vê tudo que não queria mais ver. E os outros olhos vêem o que?
Mãos que não se tocam, lábios que não se encontram, línguas que não se cruzam, olhos estão abertos...Loucura, desejo, tentação, pele, toque, sexo...não?! Talvez, também... mas antes olho que brilha, mão que sua, coração que bate mais rápido, pés que andam nas nuvens...sim, loucura!
Tudo sonho, tudo felicidade, tudo romantizado...queria eu pisar no chão e conhecer os humanos! É tudo tão repetido, mas é novo! Espero que não passe, espero que amadureça...Ah, eu espero! Mãos que se tocam, lábios que não se encontram, línguas que não se cruzam, olhos estão abertos...Te vejo, meu desejo!

sábado, 20 de março de 2010

EU, a Leitura e essa estória.



A leitura & eu

Não gostaria de começar um texto parecendo autoconfiante demais, por que não sou, nem queria começar com um “não” logo na primeira frase. Mas descobri que existem coisas que já nascem prontas e eu estaria indo contra a corrente se tentasse inverter tais situações. Neste caso, não me vale mudar este parágrafo.
Minha história junto à leitura é simples, antes de mais nada. Reviravoltas, encontros extraordinários e inesquecíveis, não vou dizer que tive, acho que o tempo foi curto demais até aqui, mas penso que se, comparado a outras muitas pessoas, esse tempo foi certamente muito mais produtivo, no meu caso. Me relaciono com as folhas de papel, desde cedo. Ainda é cedo para mim, que durmo tarde, sou jovem, e aturo pouco. O que quero dizer é que, na minha visão, ainda estamos tento o primeiro contato, a leitura e eu.
Em pequena me diziam observadora, e acredito que minha leitura, silenciosa e caprichosa engatilhou ali. Uma formação para as análises seguintes. Eu lia com todos os meus sentidos, queria explorar, por que o mundo era um livro, imenso. Eu queria desbravar, eu não precisava de perguntas, eu já possuía todas as respostas, mas... cresci.
Crescer foi um fato determinante na minha vida. Começaram as intervenções, as mais cruéis possíveis. Havia um sim e um não a toda hora. Um certo e um errado e eu nem entendia porque. Tiveram que me ensinar a perguntar, tiveram que me ensinar a aprender, a desbravar. Tudo aquilo que eu sabia aos poucos foi sumindo, sumindo... Até o momento em que eu desapareci. E me fizeram ler, e me fizeram de ingênua, para depois me ensinar que a ingenuidade não era para mim, nem para ninguém. Me construíam e desconstruíam a todo momento. E eu que era plena, precisei me buscar, restabelecer minha confiança num eu que já não sabia onde estava guardado.
Me fizeram ter medo.
E eu tive medo de ir para a escola, e de ficar sozinha. Por que aqueles eram todos desconhecidos, quando eu estava mais indefesa me empurraram para o abismo do planeta quadrado. A aventura do oceano de noventa graus. O descobrimento daquilo que um dia eu já havia provado, mas esqueci. Tive que me acostumar. Redescobri com regras, horários. Mas eu tocava, olhava, cheirava... Eu lia. Cada um daqueles novos integrantes passageiros da minha vida eram tão densos e tão cheios de manhas. Não por que fossem crianças como eu, mas por que eram novos contatos, com outros costumes. Eram por assim dizer, livros. Me contando e me fazendo experimentar histórias que eu não pude viver, sentimentos que eu ainda não havia sentido. Tudo dentro de um limite, é claro. Mas talvez o limite fosse uma daquelas coisas imutáveis, ou não. Como eu disse, já não sei.
O que eu me lembro, e me lembro bem, é que com números nunca fui bem sucedida. E nem com a lógica espaço-vital. Sempre enfeitei muito/as (as) coisas. Fui observadora dada à imaginação. Uma mistura criativa, me disseram também. E como eu era menina muito assustada - e ainda hoje sou-, aquilo que me dava medo era aquilo onde as coisas não andavam muito bem. Desisti do que não me subordinava. Fui às letras por que elas me obedeciam. E tenho coragem de dizer, pois era isso que eu pensava. Num mundo onde tudo era imposto, eu ainda queria liberdade. Não queria mais ouvir, mas sim escutar. E como numa onda, numa enxurrada, tudo veio ao meu encontro. Parecia que eu tinha alguma destreza, um domínio. Era isso o que me diziam, (e eu aprendi também a levar MUITO em conta o que me diziam). Juntei o útil ao agradável. Conheci os livros que me permitiam contestar e fazer calá-los a hora em que eu bem entendia. Eu tinha a escolha de me envolver com os quais tivessem as mesmas idéias que eu, ou as contrárias. Podia escolher, qualquer um, e mesmo sozinha eu parecia acompanhada, de companhias quase sempre muito bem quistas, por que eu era quem as chamava para o meu cantinho. Secreto, no íntimo, revelei aquilo que não poderia dizer a mais ninguém antes que fosse julgada, mas muitos livros me apoiaram nos pensamentos que pareciam ser únicos e absurdos. Aos poucos resgato minha confiança.
Todos gostam daquilo que faz sentir bem. Eu ouvi muita gente, eu li bastante. E aquilo que interpretei sincero e de encaixe nas minhas querências, adotei. E enquanto isto funcionar para que sobreviva a minha felicidade, a leitura e eu estaremos unidas.

sábado, 13 de março de 2010

O Repetido Contraditório



Meu coração diz assim: “Persista, tente, não deixe isso tão forte e intenso que você está sentindo passar ”.
Minha mente diz: “Desista, evite ao máximo, fuja desse sentimento e desse desejo que só vai te fazer sofrer, e como você vai sofrer! Novamente vai chorar fortes lágrimas, e quem não garante que dessa vez não serão lágrimas de sangue?”
Ó maldito coração que me deixa sofrer! Membro que pulsa sangue para o resto do meu corpo e que me faz viver, mas que algumas vezes tenho impressão que me faz morrer...Morrer de sofrimento e desilusões!
Ó maldita mente que não quer me deixar ser um eterno apaixonado! Membro que me faz pensar e raciocinar, mas não quer me deixar pensar que tudo pode ser possível!
Quem devo seguir? Talvez seja mais correto encontrar o equilíbrio, mas em todos meus anos de vida nunca o encontrei! As vezes me pergunto se tal equilíbrio existe realmente ou está apenas em nossos desejos ou na boca daqueles que ainda não conheceram a plenitude de um sentimento intenso.
Saudade do nordeste! Saudade da Mônica e de sua turma! Mas da minha intensidade não terei saudade, pois ela continua presente!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Insubstituível?...

Acho engraçado e rio ao ver o que você pensa. Não consigo crer que você acha que eu não te esqueci apenas porque você ainda não conseguiu fazer isso. Não pense que você é insubstituível, suas coisas já estão do lado de fora a muito tempo. Outro como você consigo em um minuto! Não acredito que você pensou por um segundo qualquer que era insubstituível!Risadas vêm à tona, rio muito alto, é a única coisa que consigo fazer!
Chamou-me de bobo e agora quem rio sou eu.Será que você não consegue andar e falar ao mesmo tempo? Sim, só tenho que rir e gritar: “VOCÊ NÃO SABE NADA SOBRE MIM.” Essa é a verdade, desenterrado histórias absurdas, só consigo confirmar isso...você definitivamente não me conhece!,Ligue pra aquela garota, ou você achava que eu não sabia que você a prefere?
Eu fui mentiroso? Não, você foi! Eu não quero ser nada pra você, então, por favor, suas coisas na caixa à esquerda! E um ultimo recado, não perco mais meu sono por você , pois substitui-lo foi a coisa mais fácil da minha vida!Definitivamente você não é nem um pouco insubstituível!


P.S.: Texto totalmente inspirado na minha música preferida da Beyoncé. Queria muito escrever algo sobre ela, então ao invés de escrever como foi o show e todas as emoções que senti ao vê-la de muito (mas muito perto mesmo) decidi escrever um texto baseado na música dela que mais gosto! Até por que me faltam palavras pra descrever o dia 4 de fevereiro de 2010. Foi algo incrível e me pergunto até agora se tudo foi realidade ou um sweet dream... esse dia e a Bey, esses sim, são insubstituíveis!


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Corrida


- Eu não. E você fez o quê?
- Eu também.
Cinza.