Um céu, estrelas e um restaurante. Pequenos círculos em forma de mesinhas decoravam a parte externa do ambiente. Em cada círculo um belo tom de dourado que contrastava com um verde brilhante. R já repetiu milhões de vezes para G que parecia uma decoração natalina das mais baixas categorias (mesmo não sendo dezembro). Mesmo assim, essa excêntrica junção de cores era tão delicada quanto as cadeirinhas de madeira espalhadas entre os círculos. Tão delicadinhas! dizia R. Pareciam deleitar vagarosamente uma tarde de domingo.
Mas era noite! E como J já cantarolava por aí, era uma bela noite!
M, como de costume, já estava lá. Brincava com a vela como se em toda sua curta vida estivesse em completa ou parcial escuridão. E sim, havia uma vela. Uma pequena vela vermelha, roliça. Em forma de gota, dentro de um pequeno pote de vidro, mais baixo do que o que carrega.
M já estava cansada, mas não tinha sono. Por lá passavam vários colegas de vivência, porém a falta de energia momentânea fazia com que M não cumprimentasse nenhum deles. Isso era muito estranho, pensava muitas vezes. Sempre gostou de socialização, mas gostar dos semelhantes já era mais difícil. Mas isso é gozado, pensou consigo. Não gosta de animais. E não gosta do cheiro de hortelã. Mas... o quê?
Em muitos momentos, se pegava pensando aleatoriedades. Aleatoriedades inúteis, na maioria dos casos. Porém para M, pensar (algo que muitos a acusavam de não ser capaz) era algo que sabia fazer de melhor. Pensar e criticar. Tudo, tudo que passava próximo àquela grande e tão pequena criatura, estava à risco de ser analisado milimetricamente.
M não se sentia bem. Aquelas luzes, que tanto a fascinava, estavam-na deixando nauseada. Ainda mais, quando um forte clarão verde aproximou-se dela. Era V. Nunca pensou que poderia sentir aquilo dentro de si. Nunca imaginara que teria realmente algo dentro de si para contorcer-se de forma tão abrupta.
Tudo então tornou-se verde. Completamente verde. E o fogo daquela gota vermelha que tanto a fascinava acabou tornando-se fútil e incomum diante de toda aquela claridade que a completava. Tentou falar algo, mas só o que conseguiu expressar foram zumbidos.
V pareceu sorrir-lhe, mas isso era incerto. De perto parecia ser tão comum quanto os outros que passavam por ali, cantarolando canções em idiomas irreconhecíveis com seus olhos grandes e brilhantes. Então, o clarão verde seguiu rumo às outras luzes da mesma cor, localizadas em um grupo distante do restaurante.
M continuou ali, brincando com com sua vela-gota e pensando em quanto é absurda e o quanto odeia e ao mesmo tempo admira os objetos ao seu redor. Ficou ali alguns instantes, até que R, com um pano que mais parecia um chicote, convidou-a a se retirar. Saiu trôpega e surreal, procurando por alguma lâmpada que lhe aqueça os membros.
6 comentários:
texto muito bom, bruno!
espero sua visita no railer online! abraços!
JULIANA,adorei!
Muito bom, um texto inteligente e de muita imaginação.
Eu quero ser uma borboleta! haha ^^
Ju, você sabe que adorei a idéia dos pseudo-personas! A confusão dá margem à imaginação e aí eu adoro mais ainda! Só me explique seus crazy posts qd eu tiver minha opinião formada sobre eles, quando o cinza atingir o preto, ou, o branco. Enfim...
P.S: E torci para que encontrasse aquela luz, que faz viver até os seres mais desprezíveis (e inimagináveis). HÁ
Adorei o blog!
Você escreve muito bem.
Beijos
Como eu gostei bastante do blog, tem um selo no meu blog pra vocês.
Beijos,
Luiza
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